maktüb experience / ONG DIPRETTA

Como nasceu o projeto?

Foto: Die­ne Car­va­lho (Pre­ta):
Ide­a­li­za­do­ra e coor­de­na­do­ra do projeto.

Em mea­dos de 2016 fui diag­nos­ti­ca­da com sín­dro­me do pâni­co, come­cei a fazer tra­ta­men­to des­de então, pas­sei a ver a vida e as coi­sas de outra manei­ra, ain­da mais por ter pas­sa­do por 4 ten­ta­ti­vas de sui­cí­dio e um tur­bi­lhão de moti­vos que pode­ri­am me fazer parar. Nes­se pro­ces­so pre­ci­sei me iso­lar por um tem­po para enten­der o que de fato esta­va acon­te­cen­do comi­go, por­que as pes­so­as não con­se­gui­am me enten­der e por­que em vez de me aju­da­rem, esta­vam me dei­xan­do pior. A fal­ta de infor­ma­ção acer­ca da doen­ça, prin­ci­pal­men­te vin­da de ami­gos e fami­li­a­res difi­cul­tou mui­to o iní­cio do tra­ta­men­to adequado.

O pen­sa­men­to de que quem faz tra­ta­men­to psi­co­ló­gi­co e psi­quiá­tri­co é con­si­de­ra­do loucx, sem­pre falou mais alto. Então eu era tra­ta­da como loucx, minhas ati­tu­des sem­pre eram jus­ti­fi­ca­das pelo fato de eu estar fazen­do tra­ta­men­to psi­co­ló­gi­co. Por não me con­for­mar com isso,  sur­giu a ideia do pro­je­to, fru­to da neces­si­da­de de saber mais sobre o assun­to, enten­der todos os pon­tos, todos os ques­ti­o­na­men­tos e, prin­ci­pal­men­te, enten­der por quê eu não era enten­di­da.  Nes­se con­tex­to, a ques­tão mais difí­cil,  sem dúvi­das, foi o ter­mo “cul­tu­ral” e o quan­to esse “cul­tu­ral” influ­en­cia a vida das pes­so­as: as pes­so­as pegam essas ver­da­des e vivem base­a­das nelas, sem ao menos ten­tar enten­der o moti­vo daquilo.

 A neces­si­da­de de enten­der o todo, me fez, a cada dia, pen­sar em usar meu exem­plo para aju­dar outras pes­so­as. Jun­to com isso, sur­ge a for­te von­ta­de de mos­trar a outras pes­so­as que elas tam­bém con­se­guem sair de situ­a­ções, até antes, vis­tas por elas como sem solu­ção. Tudo é uma ques­tão de como vemos e enca­ra­mos as coi­sas. De como pega­mos algo e colo­ca­mos na nos­sa men­te e tra­ze­mos para o nos­so dia a dia.

Em Feve­rei­ro  de 2018 conhe­ci  um site cha­ma­do Cou­ch­sur­fing, cri­a­do para via­jan­tes e vol­ta­do para tro­ca de expe­ri­ên­ci­as. Foi geni­al a ideia de rece­ber pes­so­as em casa e, ao mes­mo tem­po, tro­car expe­ri­ên­ci­as com dife­ren­tes paí­ses e cul­tu­ras. Atra­vés des­ses turis­tas, pas­sei a ver as coi­sas de outra manei­ra. Além dis­so, foi pos­sí­vel que eles conhe­ces­sem a cida­de como um todo, tiran­do a visão sen­sa­ci­o­na­lis­ta que “turis­ta é só na Zona Sul”. O bair­ro de Honó­rio Gur­gel, Zona Nor­te do Rio de Janei­ro,  foi o pon­to de par­ti­da para que o pro­je­to come­ças­se a acontecer.

 Gra­ças ao Pro­je­to con­se­gui aper­fei­ço­ar minha manei­ra de ver as coi­sas e atra­vés des­sa mes­ma tro­ca pude  mos­trar a outras pes­so­as, visões dife­ren­tes das que elas estão acos­tu­ma­das a ver. Daí se dá a tro­ca de experiências.

O pro­je­to bus­ca pro­por­ci­o­nar bons exem­plos, tro­ca de expe­ri­ên­ci­as e aco­lhi­men­to a essas pes­so­as, mos­tran­do a elas a sua con­di­ção de cida­dão que têm direi­to de seguir uma vida nor­mal com dig­ni­da­de, afe­to e saú­de men­tal. Tra­ta-se de um públi­co alvo sem  fai­xa etá­ria defi­ni­da, já que qual­quer pes­soa pode desen­vol­ver pro­ble­mas psi­co­ló­gi­cos, e a mai­o­ria des­sas pes­so­as estão envol­vi­das por ques­tões coti­di­a­nas e, na mai­o­ria das vezes, esque­cem de cui­dar de si. Não só desen­vol­vem doen­ças psi­co­ló­gi­cas pro­ve­ni­en­tes de situ­a­ções do dia a dia mas podem tra­zer o mes­mo pro­ble­ma às outras pes­so­as da família.

O pro­je­to atua no  desen­vol­vi­men­to huma­no, ofe­re­cen­do às pes­so­as aten­di­das o direi­to à cul­tu­ra,  por meio das tro­cas de expe­ri­ên­ci­as. Além dis­so, há o acom­pa­nha­men­to men­tal, efe­tu­a­do em con­jun­to com par­cei­ros e apoi­a­do­res, pos­si­bi­li­tan­do a assis­tên­cia bási­ca e uma vida dig­na a essas pessoas.

Hoje eu sou outra Die­ne, e sem dúvi­das o AUTOCONHECIMENTO entrou na minha vida de uma manei­ra que só me fez melhor como pes­soa. Hoje, a ideia de sui­cí­dio (auto­ex­ter­mí­nio) nem pas­sa pela minha cabe­ça. Eu ago­ra que­ro apri­mo­rar mais e mais minhas idei­as para fazer com que mais pes­so­as che­guem ao nível de enten­di­men­to que eu tenho ago­ra. Mudar vidas e rea­li­da­des esse é o meu obje­ti­vo maior.

Die­ne Car­va­lho (Pre­ta)

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